Pressupõe-se que a política se deve
subjugar à ética. É óbvio que este pressuposto tem faltado aos
encontros com a realidade, sobretudo em Portugal. Questionamos-nos
amiúde sobre o afastamento dos cidadãos relativamente à política
- Passos Coelho tem dado um forte contributo para esse afastamento ao
exercer o seu mandato desprezando os cidadãos, esquecendo que ele
próprio é um representante eleito, e mostrando que na sua vida
política não adoptou a conduta que ele próprio tem exigido à
generalidade dos cidadãos.
De resto, que legitimidade tem o
primeiro ministro quando exige dos cidadãos o cumprimento
escrupuloso das suas obrigações, quando ele próprio, não enquanto
um mero cidadão mas na qualidade de representante eleito, não
cumpriu?
A ética é uma palavra vazia de
sentido, facto que contribui para o enfraquecimento das democracias
e, claro está, para o afastamento dos cidadãos. Instala-se a ideia
de que "são todos iguais" e que não vale a pena
participar nesta democracia.
O Presidente da República,
responsável também pelo regular funcionamento das instituições,
continua à espera que a turbulência cesse. Os cidadãos respondem
com o afastamento, a antítese de qualquer consolidação da própria
democracia.
Esclarecimentos? Escassos e
contraditórios. Consequências? No país da inconsequências,
suspeita-se que nenhuma.
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