A frase mais repetida nos últimos
dias. Depois de outras frases terem sido regurgitadas pelos mais
ilustres representantes políticos e pelo Governador do Banco de
Portugal: "O BES é sólido"; "O Estado não vai
intervir no BES"; ou ainda "uma coisa é o BES, outra é o
GES". Nunca é demais repetir que quem proferiu estas frases,
garantindo que estava tudo bem, são os mesmos que repetem até à
exaustão a ideia de que esta solução do "bom" e do "mau"
não implica riscos para os contribuintes. O mais incrível é que
mais um bocadinho estas mesmas pessoas ainda aparecem como salvadoras
dos contribuintes e dos depositantes. Anteontem foi a vez da ministra
das Finanças papaguear as mesmas palavras, embora lá tenha acabado
por reconhecer que não "há soluções sem risco", mas que
este "é muito diminuto". Também foi assim com o BPN, tudo
inicialmente muito apelativo e depois... a história conhecida, os
valores é que nem por isso. Ficou-se também a saber que o juro a
pagar anda perto dos 2,8 por cento, um contraste com os 8,5 por cento
que BPI e BCP pagam pelos empréstimos do Estado.
Por aqui já se discutiu a questão da
confiança e até a questão da fé. De resto, este Governo e este
Presidente da República já nos deram uma vasta multiplicidade de
exemplos que resultam na antítese da confiança. Com efeito,
torna-se impossível confiar naquilo que sai das bocas de tão
ilustres representantes políticos. O caso BES foi o último exemplo
e este atinge uma dimensão "colossal".
Sublinho novamente que estas são as
mesmas pessoas a garantir que solução escolhida não pesará no
erário público, quando se trata precisamente de dívida pública, a
menos que se consiga vender o banco no imediato e por valores, mais
uma vez, colossais. Recorde-se que o banco na passada sexta-feira
valia pouco mais de 500 milhões de euros e que se pretende vender
por quase 5 mil milhões. Entramos novamente no domínio da fé.
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