O que existe depois de empobrecer? O
que subsiste depois de um empobrecimento vendido em conjunto com a
ausência de alternativas? O que sobrevive a esse empobrecimento
fruto do facto de termos vivido acima das nossas possibilidades?
O primeiro-ministro, forte defensor do
empobrecimento e exímio executante desse mesmo empobrecimento tem
agora uma prioridade: apoio à natalidade. Segundo o
primeiro-ministro importa agora “retirar obstáculos à
natalidade”.
Assim, o primeiro-ministro e os seus
acólitos sugerem trabalho em part-time com vencimento, durante um
ano, a 100 por cento, reduções em matéria fiscal e em tarifas
municipais, um passe familiar, etc. Sob os escombros Passos Coelho
lembra-se que um país é feito de pessoas; isto depois do já
referido empobrecimento como panaceia para todos os problemas do
país; depois do incentivo directo e inequívoco à saída de jovens
do país; depois de mais de um milhão de desempregados (incluindo os
que já desistiram de procurar emprego e os muitos milhares que estão
envolvido em acções de formação e afins, convenientemente
retirados das listas); depois dos cortes em salários e pensões;
depois de um aumento “brutal” de impostos; depois de ter despido
o país de qualquer estratégia, Passos Coelho, num rasgo de
demagogia para a qual nem sequer tem jeito, fala de um país de
pessoas.
Aquele que corta, sem apelo nem
agravo, em pensões, salários, apoios sociais, saúde e educação,
mas não olha a meios para beneficiar aquele um por cento que detém
um quarto da riqueza do país, coadjuvado por uma Europa que defende
os interesses da mesma casta, vem agora falar na importância da
natalidade. Aquele que foi protagonista na destruição do país,
fala agora na sua reconstrução. Seria caso para rir...
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