O relatório de Primavera 2014 do Observatório Português dos Sistemas de Saúde é muito claro: as
políticas do Governo têm efeitos nefastos na saúde dos
portugueses. Segundo quem elaborou o relatório há no Governo uma
“síndrome de negação”.
Com efeito, as políticas de
consolidação orçamental, pejadas de austeridade, têm fustigado
todos os pilares do Estado Social. A Saúde não é, obviamente, uma
excepção. Aliás, na Grécia um dos pilares do Estado Social mais
afectados pelas doses cavalares de austeridade foi precisamente a
saúde. Neste particular, a Grécia recuou décadas. Ou seja a saúde
dos cidadãos piorou e as respostas do sistema de saúde acompanhou
essa degradação. Em Portugal passa-se o mesmo.
O estudo em epígrafe aborda questões
de equilíbrio emocional como a depressão, a ansiedade, o desespero
– problemas que não podem ser dissociados das receitas de
austeridade. Refere-se ainda um conjunto de sinais inquietantes:
aumento considerável do consumo de antidepressivos, hipnóticos e
antipsicóticos e ainda o aumento de crianças com baixo peso à
nascença.
Sabemos que o resultado dessas
receitas traduz-se na desvalorização salarial, no aumento da
precariedade laboral e no enfraquecimento do Estado Social, de uma
forma genérica. É indubitável que existem consequências na saúde
de quem se vê forçado a viver estas contingências. A angústia que
toma conta das vidas de tantos cidadãos nunca inquietou quem
governa. Os cidadãos vivem privados de uma ideia de futuro,
governados por quem apenas tem para oferecer incompetência, uma
ideologia nefasta e uma aterradora insensibilidade social. O
relatório de Primavera 2014 do Observatório Português dos Sistemas
de Saúde é mais uma confirmação daquilo que sabemos e sentimos.
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