Poucos dias depois da notícia que
dava conta da existência de empresas que exigem um compromisso das
suas trabalhadoras em como estas não engravidarão em cinco anos,
Pedro Passos Coelho propõe que a natalidade seja uma prioridade
europeia.
Hipocrisia? Indiscutivelmente.
Eleitoralismo? Muito provavelmente.
Existe uma multiplicidade de factores
que explicam os baixos níveis de natalidade em Portugal e noutros
países. Mas existem alguns que condicionam severamente as taxas de
natalidade: o desemprego e a precariedade laboral. Desse ponto de
vista, as responsabilidades são de um governo cujas políticas
redundaram em elevados níveis de desemprego e no aumento exponencial
da precariedade laboral. O futuro e a natalidade são indissociáveis.
O conceito de futuro tem vinda a definhar e projectos de vida como
ter filhos é adiado ou até esquecido.
A precariedade laboral – hoje
plenamente banalizada – alimenta a existência de práticas como
aquelas relatadas pela notícia que dá conta de empresas que exigem
que as suas trabalhadores não engravidem durante cinco anos. Estas
práticas não são alheias a uma ideologia que subjaz às políticas
do Governo e que enfraquece o trabalho no seu sentido mais lato.
Ora, Passos Coelho vir agora falar na
importância da natalidade chega a ser ridículo. Enfim, depois de
tantas emoções futebolísticas, estas e outras notícias acabaram
por passar despercebidas.
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