No auge da polémica em torno das penalizações das reformas e pensões, a Presidência da República anuncia a convocação de um Conselho de Estado. O tema? “Perspectivas da Economia Portuguesa no Pós-Troika, no Quadro de uma União Económica e Monetária Efectiva e Aprofundada”.
Não,
não se trata de uma piada e até se consegue vislumbrar algum sentido num tema aparentemente sem sentido. Note-se que a discussão sobre o pós-Troika tem o dom de lembrar
os cidadãos que vai haver um pós-Troika; dito por outras palavras, esta
discussão passa a ideia de que os sacrifícios do presente serão
compensados no futuro, isto porque um dia eles vão embora.
Deste modo, o Presidente da
República - o promotor da discussão - procura aliviar a pressão do
presente com promessas de futuro; com a promessa de um país pós-Troika.
É evidente que a aparente extemporaneidade da
discussão é alvo de crítica, mas a verdade é que o Presidente da
República está a ser fiel a ele próprio: ao convocar este Conselho de
Estado, no auge da polémica em torno da coligação, desvia as atenções do
essencial, ao mesmo tempo que relembra as pessoas que haverá um país
depois da Troika. O que restar de um país.
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