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O peso da inevitabilidade

As medidas de austeridade são inevitáveis porque é inevitável baixar o deficit; o trabalho precário é uma inevitabilidade porque não se pode contrariar a tendência de um mundo que caminha nesse sentido; o retrocesso do bem estar social é inevitável e temos todos (?) que nos adaptar; a divinização dos mercados é inevitável porque são eles que contribuem para a riqueza das economias (?) assentes em créditos, em toxicidade e no faz de conta; é inevitável seguir caninamente Angela Merkel porque é a Alemanha o motor da economia europeia. Estas são algumas inevitabilidades que nos são vendidas diariamente. Basta ligar a televisão, ler o jornal, conversar com as pessoas. Todos garantem que tudo isto é inevitável
É mais fácil vender a tese da inevitabilidade que assim coarcta a vontade dos cidadãos e das sociedades em encontrar formas alternativas que não esbarrem na inevitabilidade. Se pensarmos com mais atenção nessas supostas inevitabilidades chegamos rapidamente à conclusão que há décadas que nos andam a vender banha da cobra.
No contexto português dizem-nos que é inevitável cortar em salários, reformas, aumentar impostos, reduzir subsídio de desemprego, aumentar impostos e, quem sabe, reduzir ou não pagar o subsídio de férias. Infelizmente para o Governo e para o maior partido da oposição, muitos já começam a questionar essa inevitabilidade.

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