O Presidente da República proferiu um duro discurso sobre sobre o caminho que o país tem seguido e a atracção de governar para estatísticas. Cavaco Silva em nenhum momento referiu directamente o Governo, mas a verdade é que o país percebeu, sem grande esforço, a quem se referia o Presidente. José Sócrates decidiu responder, optando também por não referir o Presidente, afirmando que "o país não precisa de politica do recado...", numa clara alusão às afirmações de Cavaco Silva. A relação entre Presidente da República e primeiro-ministro tem vindo a deteriorar-se ao longo dos últimos meses. Exemplos que mostram essa deterioração não faltam: o estatuto dos Açores foi responsável por uma forte clivagem e a Lei do Divórcio também dividiu claramente Presidência da República e Governo.
Quanto aos "recados" do Presidente da República, o difícil é não perceber o fundamento dos mesmos. Cavaco Silva mostrou uma acentuada preocupação com o estado do país, e sobretudo com o rumo que o país está a seguir. Cavaco Silva tocou nas questões essenciais: o desperdício de dinheiros públicos, a tendência para se prestar auxílio a quem falhou redondamente e está no centro da actual crise e o populismo que é apanágio do actual Governo. Embora o Presidente nunca refira o Governo, o primeiro-ministro não escondeu a sua exasperação e respondeu com o discurso gasto do "Bota-abaixo, a política do recado, do pessimismo e da crítica fácil".
De facto, o primeiro-ministro responde invariavelmente da mesma forma a qualquer crítica que lhe seja feita. Nunca lhe passou pela cabeça que o país já está cansado do discurso do "pessimismo" e do "bota-abaixo" e que seria de uma enorme proficuidade se o primeiro-ministro passasse a discutir as suas politicas, argumentando no sentido de sustentar essas políticas Bem sei que é tarefa difícil sustentar a política das grandes obras públicas quando se é confrontado com o endividamento público, mas que se tente, é o mínimo que o chefe de Governo pode fazer. E ao invés de iludir o país com benesses avulsas, envoltas no habitual manto de propaganda, se o primeiro-ministro e o seu Executivo discutissem a crise e soluções para a mesma, enquadrando nesse discurso os problemas estruturais do país, com certeza que as críticas de Cavaco não seriam tão veementes.
O país precisa de uma estratégia, o que infelizmente o Governo não tem. Aliás, nunca teve uma estratégia para o país - a prova disso são as tais reformas ou que nunca se concretizaram ou que ficaram a meio. A incapacidade deste Governo de chegar a consensos, afasta a hipótese da delineação de uma estratégia conjunta com os partidos da oposição. Além disso, o Governo parece querer apostar tudo nas grandes obras públicas - aquilo que o Executivo considera "o bom investimento público", deixando pelo caminho as empresas, ignorando os problemas do ensino superior, continuando a desprezar a investigação e ciência como verdadeiros motores do desenvolvimento económico. Pelo contrário, o Governo prefere trilhar caminhos que vão agravar, e muito, a já periclitante situação do país. Estranho seria se o Presidente da República, perante este cenário, se remetesse ao silêncio.
Quanto aos "recados" do Presidente da República, o difícil é não perceber o fundamento dos mesmos. Cavaco Silva mostrou uma acentuada preocupação com o estado do país, e sobretudo com o rumo que o país está a seguir. Cavaco Silva tocou nas questões essenciais: o desperdício de dinheiros públicos, a tendência para se prestar auxílio a quem falhou redondamente e está no centro da actual crise e o populismo que é apanágio do actual Governo. Embora o Presidente nunca refira o Governo, o primeiro-ministro não escondeu a sua exasperação e respondeu com o discurso gasto do "Bota-abaixo, a política do recado, do pessimismo e da crítica fácil".
De facto, o primeiro-ministro responde invariavelmente da mesma forma a qualquer crítica que lhe seja feita. Nunca lhe passou pela cabeça que o país já está cansado do discurso do "pessimismo" e do "bota-abaixo" e que seria de uma enorme proficuidade se o primeiro-ministro passasse a discutir as suas politicas, argumentando no sentido de sustentar essas políticas Bem sei que é tarefa difícil sustentar a política das grandes obras públicas quando se é confrontado com o endividamento público, mas que se tente, é o mínimo que o chefe de Governo pode fazer. E ao invés de iludir o país com benesses avulsas, envoltas no habitual manto de propaganda, se o primeiro-ministro e o seu Executivo discutissem a crise e soluções para a mesma, enquadrando nesse discurso os problemas estruturais do país, com certeza que as críticas de Cavaco não seriam tão veementes.
O país precisa de uma estratégia, o que infelizmente o Governo não tem. Aliás, nunca teve uma estratégia para o país - a prova disso são as tais reformas ou que nunca se concretizaram ou que ficaram a meio. A incapacidade deste Governo de chegar a consensos, afasta a hipótese da delineação de uma estratégia conjunta com os partidos da oposição. Além disso, o Governo parece querer apostar tudo nas grandes obras públicas - aquilo que o Executivo considera "o bom investimento público", deixando pelo caminho as empresas, ignorando os problemas do ensino superior, continuando a desprezar a investigação e ciência como verdadeiros motores do desenvolvimento económico. Pelo contrário, o Governo prefere trilhar caminhos que vão agravar, e muito, a já periclitante situação do país. Estranho seria se o Presidente da República, perante este cenário, se remetesse ao silêncio.
Mais in Público online: http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1375241&idCanal=12
Comentários