O porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa criticou as medidas anunciadas pelo Governo que apontam no sentido do fim do divórcio litigioso, e acusou o primeiro-ministro de não exercer uma “uma vigilância coordenadora de actos e medidas avulsas que ferem e atingem quem anda há muito a servir a população". Segundo este responsável religioso, a questão do divórcio litigioso é mais um indício de “afrontamento do Governo em relação à Igreja Católica”. As tentativas de ingerência da Igreja Católica em algumas decisões do Governo não se resumem à agora polémica questão do divórcio litigioso: o aborto, a título de exemplo, foi uma medida que contou com a forte oposição da Igreja e com as claras tentativas de inviabilização das alterações à lei do aborto.
Não se questiona o direito que aquela instituição religiosa possui de apregoar, em particular aos fiéis, aquilo que bem entenda. Mas dificilmente se pode aceitar que, no contexto de um Estado laico, a Igreja se arrogue o direito de pressionar este ou qualquer outro governo. Sendo certo que o catolicismo é predominante no país, as tentativas da Igreja, frustradas em larga medida, de influenciar irredutivelmente o poder político, é um conceito ultrapassado e desprovido de sentido.
Alegar-se-á que existem outras instituições que exercem pressões sobre o poder político, o que de facto é verdade, agora o que não é de todo aceitável, é a tentativa, através do envio de recados, de condicionar algumas medidas apresentadas pelo Governo.
Quem se revê nesta forma de estar da Igreja na vida do país, alega que a mesma tem uma importância vital, em particular, em questões sociais, e ninguém questionará o importante trabalho que a Igreja Católica portuguesa tem prestado no auxílio a quem mais precisa; mas o trabalho da Igreja não fundamenta o papel que a mesma pretende ter na sociedade portuguesa – um papel de peso com a ridícula pretensão de se substituir ao poder político. Essa retórica deve ter como público-alvo o grupo de fiéis.
Os cidadãos mandatam determinadas funções e competências no poder político, e cabe a este decidir sobre um variado leque de matérias, apoiando-se no espírito de abertura e receptividade às várias críticas que podem eventualmente surgir. Todavia, não se pode estar à espera que o poder político ceda perante o envio de recados seja da Igreja Católica, seja de quem for. Seria de uma enorme proficuidade para a vitalidade desta Igreja que abandonasse os dogmas do costume e cessasse as tentativas sucessivas de impingi-los ao poder político. Até porque o actual Executivo dificilmente recuará nos vários pontos, considerados inaceitáveis pela Igreja Católica, da sua agenda política.
Não se questiona o direito que aquela instituição religiosa possui de apregoar, em particular aos fiéis, aquilo que bem entenda. Mas dificilmente se pode aceitar que, no contexto de um Estado laico, a Igreja se arrogue o direito de pressionar este ou qualquer outro governo. Sendo certo que o catolicismo é predominante no país, as tentativas da Igreja, frustradas em larga medida, de influenciar irredutivelmente o poder político, é um conceito ultrapassado e desprovido de sentido.
Alegar-se-á que existem outras instituições que exercem pressões sobre o poder político, o que de facto é verdade, agora o que não é de todo aceitável, é a tentativa, através do envio de recados, de condicionar algumas medidas apresentadas pelo Governo.
Quem se revê nesta forma de estar da Igreja na vida do país, alega que a mesma tem uma importância vital, em particular, em questões sociais, e ninguém questionará o importante trabalho que a Igreja Católica portuguesa tem prestado no auxílio a quem mais precisa; mas o trabalho da Igreja não fundamenta o papel que a mesma pretende ter na sociedade portuguesa – um papel de peso com a ridícula pretensão de se substituir ao poder político. Essa retórica deve ter como público-alvo o grupo de fiéis.
Os cidadãos mandatam determinadas funções e competências no poder político, e cabe a este decidir sobre um variado leque de matérias, apoiando-se no espírito de abertura e receptividade às várias críticas que podem eventualmente surgir. Todavia, não se pode estar à espera que o poder político ceda perante o envio de recados seja da Igreja Católica, seja de quem for. Seria de uma enorme proficuidade para a vitalidade desta Igreja que abandonasse os dogmas do costume e cessasse as tentativas sucessivas de impingi-los ao poder político. Até porque o actual Executivo dificilmente recuará nos vários pontos, considerados inaceitáveis pela Igreja Católica, da sua agenda política.
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