Quando se fala em crise, aborda-se frequentemente o problema económico do país, havendo mesmo que assevere que a economia do país atravessa uma recessão que dura há perto de seis anos. Mas a crise começa, antes de mais, por ser uma crise dos partidos políticos. Em alturas de dificuldades, como é aquela em que nos encontramos, parece existir uma tendência para que a mediocridade se instale e a competência se ausente. É precisamente isso que acontece com o espectro político nacional.
No caso do PS, partido do Governo, a cumplicidade com os ditames do primeiro-ministro é por demais evidente. O PS não tem tido uma existência fora da esfera de influência do primeiro-ministro, serve apenas para servir as necessidades e interesses do actual chefe de Governo. Surgem esporadicamente algumas vozes dissonantes, é o caso de Manuel Alegre e, mais recentemente e a propósito da Educação, de Ana Benavente; mas no essencial, o partido tem como objectivo último servir o Governo. Por conseguinte, o PS é um partido silencioso, inconsequente, e que falha irredutivelmente na sua contribuição para o debate político.
A liderança do PSD, encabeçada por Luís Filipe Menezes e Santana Lopes, não raras vezes denota uma fraqueza quer de liderança, quer de contributo de ideias e de projectos. Para além das dissenções internas, o partido não consegue fazer passar a elementar mensagem de possuir um projecto credível alternativo às políticas do Governo. Luís Felipe Menezes afirmou recentemente que “o PSD ainda não merece ser Governo, e que o PS já não merece ser Governo”. Menezes sublinha também que o PSD vai merecer ser Governo, mas ideia que fica é que os Portugueses não têm grandes alternativas em matéria de partidos políticos. Dir-se-á que há vida política para além do “centrão”, mas é difícil reconhecer nos restantes partidos políticos a capacidade para governar o país.
O CDS afunda-se em escândalos que deixam antever dificuldades no futuro próximo deste partido. De resto, as inúmeras incongruências visíveis no tempo em que o CDS partilhou o poder, não deixam margem para mais do que uma inexorável descredibilização do partido e da actual liderança.
E chegamos aos partidos de esquerda com assento parlamentar. Poucos reconhecem no Bloco de Esquerda uma vocação para governar, não será exagero enfatizar que este é um partido cujo projecto político é levado pouco a sério.
O PCP conta com uma militância ideologicamente anacrónica mas ferozmente defensora das pretensas capacidades do partido para governar. Num contexto de grande insatisfação com as políticas socialistas e com a pobreza política de PS e PSD, há quem pugne por um regresso do PC. Lembram que não têm sido dadas oportunidades ao Partido Comunista em matéria de governação – exceptuando o período em que o PCP tinha uma palavra a dizer no pós-25 de Abril, nos tempos áureos das nacionalizações desenfreadas, da estatização da economia e de outras políticas obtusas que comprometeram o desenvolvimento do país. Ainda assim, há quem acredite num ressurgimento do PCP.
Na verdade, este é o cenário de manifesta erosão política que impregna o país e cerceia as esperanças dos cidadãos. Muitos Portugueses têm a indelével sensação de que não existe alternativa política. Sob o ponto de vista psicológico, esta ausência de alternativas aliada a uma descrença generalizada na classe política corrói a consolidação democrática – um processo em curso – e adia, por tempo indeterminado, o desenvolvimento do país. Não é, portanto, de estranhar que ecludam ideias que anunciam a necessidade de mudança de regime ou, em alguns casos, o regresso a ideologias comprovadamente falhadas; quando não mesmo a possibilidade de se advogar quaisquer radicalismos que satisfaçam o sentimento de revolta que se instala paulatinamente no país. Consequentemente, importa que a classe política não se acomode e que saia desta espécie de letargia; urge que os mais competentes, que são precisamente os mais silenciosos, não se afastem da política, deixando espaço aberto a toda mediocridade que faz escola nos vários partidos do espectro político português.
Em suma, o paroxismo de ver o PSD disparar atabalhoadamente em várias direcções, acabando invariavelmente por dar um tiro no pé, ou vários, é paradigmático da mediocridade que se instalou nos partidos políticos, o que abre espaço a movimentos menos salutares para a democracia.
No caso do PS, partido do Governo, a cumplicidade com os ditames do primeiro-ministro é por demais evidente. O PS não tem tido uma existência fora da esfera de influência do primeiro-ministro, serve apenas para servir as necessidades e interesses do actual chefe de Governo. Surgem esporadicamente algumas vozes dissonantes, é o caso de Manuel Alegre e, mais recentemente e a propósito da Educação, de Ana Benavente; mas no essencial, o partido tem como objectivo último servir o Governo. Por conseguinte, o PS é um partido silencioso, inconsequente, e que falha irredutivelmente na sua contribuição para o debate político.
A liderança do PSD, encabeçada por Luís Filipe Menezes e Santana Lopes, não raras vezes denota uma fraqueza quer de liderança, quer de contributo de ideias e de projectos. Para além das dissenções internas, o partido não consegue fazer passar a elementar mensagem de possuir um projecto credível alternativo às políticas do Governo. Luís Felipe Menezes afirmou recentemente que “o PSD ainda não merece ser Governo, e que o PS já não merece ser Governo”. Menezes sublinha também que o PSD vai merecer ser Governo, mas ideia que fica é que os Portugueses não têm grandes alternativas em matéria de partidos políticos. Dir-se-á que há vida política para além do “centrão”, mas é difícil reconhecer nos restantes partidos políticos a capacidade para governar o país.
O CDS afunda-se em escândalos que deixam antever dificuldades no futuro próximo deste partido. De resto, as inúmeras incongruências visíveis no tempo em que o CDS partilhou o poder, não deixam margem para mais do que uma inexorável descredibilização do partido e da actual liderança.
E chegamos aos partidos de esquerda com assento parlamentar. Poucos reconhecem no Bloco de Esquerda uma vocação para governar, não será exagero enfatizar que este é um partido cujo projecto político é levado pouco a sério.
O PCP conta com uma militância ideologicamente anacrónica mas ferozmente defensora das pretensas capacidades do partido para governar. Num contexto de grande insatisfação com as políticas socialistas e com a pobreza política de PS e PSD, há quem pugne por um regresso do PC. Lembram que não têm sido dadas oportunidades ao Partido Comunista em matéria de governação – exceptuando o período em que o PCP tinha uma palavra a dizer no pós-25 de Abril, nos tempos áureos das nacionalizações desenfreadas, da estatização da economia e de outras políticas obtusas que comprometeram o desenvolvimento do país. Ainda assim, há quem acredite num ressurgimento do PCP.
Na verdade, este é o cenário de manifesta erosão política que impregna o país e cerceia as esperanças dos cidadãos. Muitos Portugueses têm a indelével sensação de que não existe alternativa política. Sob o ponto de vista psicológico, esta ausência de alternativas aliada a uma descrença generalizada na classe política corrói a consolidação democrática – um processo em curso – e adia, por tempo indeterminado, o desenvolvimento do país. Não é, portanto, de estranhar que ecludam ideias que anunciam a necessidade de mudança de regime ou, em alguns casos, o regresso a ideologias comprovadamente falhadas; quando não mesmo a possibilidade de se advogar quaisquer radicalismos que satisfaçam o sentimento de revolta que se instala paulatinamente no país. Consequentemente, importa que a classe política não se acomode e que saia desta espécie de letargia; urge que os mais competentes, que são precisamente os mais silenciosos, não se afastem da política, deixando espaço aberto a toda mediocridade que faz escola nos vários partidos do espectro político português.
Em suma, o paroxismo de ver o PSD disparar atabalhoadamente em várias direcções, acabando invariavelmente por dar um tiro no pé, ou vários, é paradigmático da mediocridade que se instalou nos partidos políticos, o que abre espaço a movimentos menos salutares para a democracia.
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