Nós somos indubitavelmente o país do oito e do oitenta, ou pelo menos os nossos governantes confirmam essa premissa. Um exemplo elucidativo da mentalidade bacoca que impregna o país é o menosprezo a que as humanidades foram votadas nestes últimos anos. Constatou-se que as ciências e as novas tecnologias são elementos essenciais ao desenvolvimento dos países e, simultaneamente, relegou-se as humanidades para um segundo plano. A acção saloia deste Governo que descobriu a pólvora com as novas tecnologias é sintomática da pequenez de quem nos governa.
O actual Executivo olha para as humanidades com um desprezo arrepiante, ao ponto de reduzir a importância da filosofia no ensino secundário. Dir-se-á que a supremacia e a pujança de uma economia passará inelutavelmente pela ciência e pela investigação – não se refuta essa afirmação; agora não é possível apostar-se tudo nisso e ignorar-se a importância de outras áreas. De facto, não é de estranhar este comportamento do Governo, veja-se a forma como o Executivo de José Sócrates tem tratado a cultura – que, diga-se em abono da verdade, nunca foi tratada condignamente –, e também aqui prevalece a mentalidade saloia que gasta milhões em colecções estrangeiras (não se retirando o mérito dessas colecções) mas ao mesmo tempo não tem dinheiro para manter em pleno funcionamento o Museu de Arte Antiga, por exemplo.
Este súbito deslumbramento dos nossos governantes com a vanguarda disto e daquilo é representativo da pobreza intelectual que predomina na classe política. Os Srs. Ministros que tanto apregoam o que de bom se faz no estrangeiro, deveriam olhar com atenção para as grandes universidades americanas e inglesas e verificar que as mesmas não ignoraram as humanidades.
A aposta na ciência, tecnologia, inovação e investigação não é sequer questionável, o que não implica, todavia, que se despreze as artes plásticas, a literatura, a filosofia, a História, etc. Não é com exemplos de pequenez intelectual que vamos lá…seja lá onde isso for.
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