Todos
cantaram vitória, como se esperava. O encontro entre Donald Trump,
Presidente norte-americano, e Kim Jong-un, líder norte-coreano, foi
apresentado por ambos como um sucesso. De resto, Trump inventou uma
vitória, exacerbando uma mão cheia de nada e o inefável e
aparentemente imprevisível Kim Jong-un voltou a ser uma vedeta,
mudando apenas de papel e deixando obviamente cair o papel de vilão.
É
também por demais evidente que entre estes dois protagonistas não
há lugar para conversas sobre Direitos Humanos. Trump está-se nas
tintas para direitos que desconhece e Kim viola esses direitos com a
mesma naturalidade com que se toma o pequeno-almoço todos os dias.
Entre
sorrisos amarelos, momentos constrangedores envolvendo apertos de mão
e o empolamento de tudo e mais alguma coisa, apresentada sempre como
uma vitória, e entre ainda ilusões de desnuclearização e
respeito pelos anódinos compromissos assumidos, os Direitos Humanos
ficaram de fora de qualquer discussão. Desde logo porque um está-se
nas tintas e o outro simplesmente viola todos esses direitos.
Recorde-se
que no passado, Bill Clinton, também Presidente americano,
encontrou-se com o pai de Kim Jong-un, Kim Jong-il, e um dos
principais óbices à chegada de qualquer espécie de entendimento
foi precisamente a questão central dos Direitos Humanos.
Mudam-se
os tempos, mudam-se as vontades. Sempre para pior.
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