A notícia que dá conta de que as alterações climáticas estão a dar um forte contributo para secar a Cidade do Cabo, na África do Sul, não será propriamente uma novidade que espanta o mundo. Nem tão-pouco o facto de existir uma metrópole a ficar sem água - amanhã e não daqui a cinquenta anos - não pode deixar o mundo de boca aberta. Todos sabemos que o impacto das alterações climáticas é real e está já a sentir-se. Haverá quem ignore esta realidade e outros, por razões sobretudo económicas, procurem descredibilizar quem chama a atenção para estes factos, mas a realidade impera e abate-se já sobre nós.
É certo que os problemas de água da Cidade do Cabo não são apenas consequência das alterações climáticas, já que a incapacidade de resposta política e falta de organização política terão dado os respectivos contributos, o que não invalida ou enfraquece o impacto da seca - facto que se prolonga por três anos. E segundo vários especialistas essa seca não só se transformará na normalidade como sofrerá uma intensidade assinalável e gradual. As alterações do clima e o crescimento populacional deixaram para trás as políticas públicas, incapazes de acompanhar mudanças mais rápidas do que muitos esperariam.
Resta assim à população da Cidade do Cabo esperar pelo dia zero - o dia em que as torneiras deixarão de deitar água; dia que se prevê chegue já no mês de Abril. A Cidade do Cabo poderá muito bem ser apenas a primeira de muitas outras cidades a entrar em colapso. E não será esta notícia a dar a necessária lição a muitos de nós, sobretudo aos responsáveis políticos, designadamente a políticos como Donald Trump que não conseguem ver para além da sua própria barriga. E será graças à ignorância, egoísmo e inépcia de uns que muitos pagarão. Os habitantes da Cidade do Cabo, na África do Sul, estarão apenas entre os primeiros.
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