Passos Coelho está acabado politicamente e, pior de tudo, quase ninguém está a dar por isso, excepto os seus apaniguados. O congresso marcado para este mês ditará o fim oficial de Passos Coelho, sem lágrimas.
Resta uma orfandade que terá votado no adversário do presidente eleito do partido, Rui Rio, saindo também desse particular no papel de derrotados. O seu futuro político é particularmente difícil e existe até quem já se tenha apercebido das dificuldades que se avizinham, como parece ser o caso de Carlos Abreu Amorim, vice-presidente do grupo parlamentar que, não se revendo na "estratégia de Rui Rio", abandona o cargo. Na calha poderá estar também o próprio presidente do grupo parlamentar Hugo Soares, embora Carlos Abreu Amorim considere que a saída do líder do grupo parlamentar não acontecerá.
Carlos Abreu Amorim, a par de outros órfãos de Passos Coelho, apoiaram Pedro Santana Lopes que consideravam ser o candidato mais indicado para continuar a trabalho de neoliberalismo de pacotilha iniciado por Passos Coelho. Enganaram-se.
Rui Rio procurou durante a campanha não antagonizar os órfãos de Passos Coelho, mas nunca mostrou nutrir particular simpatia pelos apaniguados do ainda presidente do partido. O facto de Rio não ser apologista daquele misto de neoliberalismo de pacotilha e mediocridade indisfarçável não dá nova esperança a um partido que continua jocosamente a integrar a "social-democracia" no seu nome. Rio prefere o conforto do Bloco Central ou dos entendimentos com o PS, convencido que o PS desses entendimentos ainda andará por aí. Talvez esteja certo, mas a estratégia passará pelo tal conforto dos entendimentos ou até por um verdadeiro Bloco Central. Se falhar, lá estará a orfandade de Passos Coelho para voltar a ocupar o seu lugar. Entretanto será curioso assistir à forma que Rio adoptará para fazer face aos órfãos chorões de Passos Coelho - o tal que desaparecerá sem deixar saudades.
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