O presente já o conhecemos: o inferno na terra, parafraseando o secretário-geral da ONU, António Guterres. O que não sabemos é o que será da Síria quando as armas se calarem.
É compreensível que esta não seja a preocupação a dominar a agenda internacional, desde logo porque o tal inferno de que Guterres falava continua, apesar dos vários ensaios de um cessar-fogo. Todos pensam no presente e ninguém está, neste momento, a desenhar cenários de futuro.
De qualquer modo, parece evidente que Bashar al-Assad, com o decisivo apoio de russos e iranianos, sairá vencedor desta guerra indescritível. Bashar al-Assad é acusado de crimes contra o seu próprio povo, alguns dos quais incluem a utilização de armas químicas. A barbárie não terá sido apenas perpetrada por al-Assad, mas ele é indubitavelmente responsável pelos actos mais hediondos praticados contra o povo sírio. Como é que um facínora - o adjectivo será um eufemismo na perspectiva de muitos sírios - pode trazer qualquer espécie de paz e tranquilidade? E sobretudo aceitação?
Como é que alguém que destruiu um povo pode reconstruir o que quer que seja?
Para já interessa manter o poder e influência de russos e iranianos na região, como ontem interessava combater e derrotar o Daesh. E amanhã? Quando as armas finalmente se calarem? Quando tiver início o longo processo de reconstrução e quando o país estiver afogado em mágoa, ressentimentos e feridas muito difíceis de sarar, qual o futuro do que resta da Síria?
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