Uma comunicação social decadente, um Ministro que tem dado nas vistas pelas melhores razões, o desespero de uma certa direita e uma Justiça que parece não se querer livrar do descrédito que a ensombra. A receita para um não-assunto se transformar no assunto do dia, da semana e do mês. Refiro-me ao não-caso envolvendo o ministro das Finanças e bilhetes para um jogo do Benfica, alegadamente no sentido de Mário Centeno favorecer pessoas ligadas ao Benfica através de uma isenção em sede de IMI. E nem o facto de Centeno não lidar directamente com estes assuntos impediu e impede a comunicação social de se aproveitar, mesmo sabendo que têm uma mão cheira de nada.
À comunicação social decadente juntam-se alguns políticos que levantam a voz se alguém comprar uma barra de chocolate com dinheiros públicos, mas remetem-se ao silêncio no que diz respeito à grande corrupção, aos paraísos fiscais, chegando a promover uma desregulação sem pudor que resulta em prejuízos incomensuráveis para os contribuintes e na socialização de prejuízos da banca e de grandes multinacionais. Dois pesos duas medidas e muita hipocrisia. Recorde-se que vários eurodeputados pertencentes à famílias política do PPE tudo fizeram para levar o não-assunto de Centeno às instituições europeias. O Parlamento Europeu não se livrou naturalmente de políticos oportunistas que ignoram o facto de serem estes não-assuntos, tratados como assuntos de lesa-pátria, a darem fortes contributos para o descrédito generalizado da classe política, facto que resulta na velha máxima que postula que são todos iguais. Máxima essa que apenas resulta no enfraquecimento da própria democracia. Entretanto o Ministério Público arquivou inquérito envolvendo o ministro das Finanças e o Benfica.
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