Com
a demissão de três secretários de Estado é possível exista mais
uma ou outra saída do Governo de António Costa, facto normal em
política. O que será menos normal, ou pelo menos não deveria ser
considerado normal, é a demissão de três secretários de Estado
quando aparentemente os três estão prestes a ser constituídos
arguidos no seguimento do inquérito do Ministério Público para
averiguar as viagens destes três representantes políticos para
assistir a jogos de futebol pagas pela Galp. Isto um ano depois dos
factos terem ocorrido.
É
certo que a prática tem sido recorrente e muitos se aproveitaram da
mesma, políticos e não só. E nem o conflito de interesses evidente
entre Rocha Andrade e a empresa cujos contratos passavam pelo seu
escrutínio terá sido motivo suficiente para dissuadir o agora
ex-secretário de Estado.
O
bom senso e a ética na política, sobretudo a segunda, continuam a
ser tratados com demasiada ligeireza por quem ocupa cargos de
representação política, o que reforça a ideia perigosa que
postula que são todos iguais.
Neste
contexto, a demissão dos três secretários de Estado, com ênfase
sobre Rocha Andrade, só peca por tardia, mas servirá também para
António Costa ter a oportunidade de proceder a uma remodelação
mais alargada, se assim o entender.
Os
ditos governantes consideram que não cometeram qualquer ilícito, um
pouco na linha de que não sendo ilegal é aceitável. Pois bem, os
referidos governantes deveriam perceber que essa máxima na qual se
escudam não funciona no contexto político, onde o que é imoral
também se paga caro.
A
oposição essa, despida de argumentos, agarrar-se-á a esta questão
com unhas e dentes até porque os ossos escasseiam.
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