Avançar para o conteúdo principal

Instabilidade na Era Trump

A eleição de Trump e sobretudo a sua tomada de posse têm tido consequências inusitadas. Um bom exemplo é o facto de vários psiquiatras e psicólogos terem vindo a terreiro falar da mais alta figura da nação - numa iniciativa sem precedentes.
Aqueles que não se coíbem de alertar para a instabilidade do novo Presidente americano afirmam que este é um megalómano, com tendência para distorcer a realidade, manifestando invariavelmente uma rejeição absoluta de opiniões que divergem da sua e que desencadeiam reacções de raiva, desprovido de qualquer empatia. Tudo isto se agrava com os exercícios de poder. Em suma, trata-se de alguém que não reúne as condições necessárias para ser Presidente.
Na verdade, tudo o que é dito por psiquiatras e psicólogos é demasiado evidente para nos ter escapado. Em pouco menos de um mês, o mundo já assistiu à manifestação de exercícios e megalomania, distorção da realidade, reacções de raiva, incapacidade de empatia, tudo misturado com um também assustador amadorismo. Ora, aquilo que tem sido salientado por especialistas em saúde mental é também o que caracteriza um ditador. E há mais para nos causar desconforto e ausência de esperança no futuro: Trump está rodeado de seres que possuem as mesmas características, designadamente no que toca à empatia, ou à falta dela, e creio que alguns dos seus acólitos terão uma vantagem em relação a Trump: são mais metódicos, dotados de uma estratégia e sobretudo mais inteligentes do que o Presidente, o que torna tudo ainda mais inquietante.
O resultado de tudo isto, para já, é a instabilidade já referida, mas essa instabilidade poderá, e terá, de ser transformar em qualquer outra coisa, sendo que a Trump já luta por uma reeleição em 2020. E essa "outra coisa" será muito pior do que aquilo que conhecemos.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...

Direitos e referendo

CDS e Chega defendem a realização de um referendo para decidir a eutanásia, numa manobra táctica, estes partidos procuram, através da consulta directa, aquilo que, por constar nos programas de quase todos os partidos, acabará por ser uma realidade. O referendo a direitos, sobretudo quando existe uma maioria de partidos a defender uma determinada medida, só faz sentido se for olhada sob o prisma da táctica do desespero. Não admira pois que a própria Igreja, muito presa ao seu ideário medieval, seja ela própria apologista da ideia de um referendo. É que desta feita, e através de uma gestão eficaz do medo e da desinformação, pode ser que se chumbe aquilo que está na calha de vir a ser uma realidade. Para além das diferenças entre os vários partidos, a verdade é que parece existir terreno comum entre PS, BE, PSD (com dúvidas) PAN,IL e Joacine Katar Moreira sobre legislar sobre esta matéria. A ideia do referendo serve apenas a estratégia daqueles que, em minoria, apercebendo-se da su...