Passos
Coelho ainda não recuperou do facto de já não ser
primeiro-ministro. Não muito longe da patologia, Passos age de duas
formas: ou acredita ainda ser primeiro-ministro, sobretudo nos
momentos mais agudos da doença, recorrendo à simbologia própria,
designadamente ao pin na lapela; ou em momentos também reveladores
de pouca lucidez diz o que faria se ainda fosse primeiro-ministro, e
para tal recorre à linguagem que considera mais apropriada. Numa
escola secundária, afirma que "no governo estaria a bombar para
afastar a crise". E assim acalenta a esperança de voltar a ser
primeiro-ministro criando a ilusão de que não terá sido ele,
Passos Coelho, a desempenhar o cargo nos últimos quatro anos.
Perante
uma plateia claramente pouco entusiasmada com a presença ao anterior
primeiro-ministro, e os poucos que manifestaram qualquer entusiasmo
só o fizeram por se tratar de uma figura que aparece na televisão,
Passos, com a pouca naturalidade que lhe está associada, afirma que
estaria a "bombar".
Ainda
na mesma escola secundária, na Amadora, o único candidato à
liderança do PSD falou das desigualdades. É irónico. Se olharmos
para os números constatamos, sem quaisquer dificuldades, que as
desigualdades cresceram exponencialmente nos anos em que Passos
Coelho foi primeiro-ministro. Com efeito, de desigualdades percebe
ele.
Pouco
resta a Passos Coelho que não seja alimentar a ideia de que ainda é
primeiro-ministro ou que está prestes a regressar ao cargo. Que já
não é primeiro-ministro já todos percebemos, à excepção de
Passos Coelho e de alguns acólitos mais alucinados; quanto à
possibilidade de regressar ao cargo, as possibilidades são ínfimas
- a solução de esquerda é sólida, graças, paradoxalmente, ao
próprio Passos Coelho e a sua reeleição como presidente do partido
prende-se apenas com a necessidade do partido estar entregue a
alguém, forçosamente a prazo, enquanto se prepara uma outra
liderança para fazer frente à solução de esquerda. Passos está a
prazo e o seu maior delírio prende-se com a negação deste facto.
Não tardará muito para que o inefável anterior primeiro-ministro
esteja a “bombar”
daqui para fora, de uma vez por todas.
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