Os acontecimentos da passada
sexta-feira em Paris ultrapassam a força das palavras para os
descrever. Atentados terroristas concertados, com o objectivo de
espalhar a barbárie, em contextos de rotina, dia-a-dia e quotidiano
que oferecem tantas vezes uma falsa sensação de segurança. O
Estado Islâmico reivindicou os atentados.
Como combater o Estado Islâmico será
a pergunta que voltará a assombrar as nossas consciências. Como
combater aqueles que vivem uma espécie de realidade distópica?,
aqueles que vivem na crença do Dia do Juízo Final e vivem as suas
vidas em função desse Apocalipse. Como combater quem não tem medo
de morrer? Como fazer frente a quem parece estar numa competição
sangrenta com a al-Qaeda?, quem tem como finalidade levar a
humanidade para o século VII? Como lutar contra quem pretende viver
como o profeta viveu e impor esse modo de vida a todos? Como combater
quem marca infiéis e apóstatas para morrer? De que forma podemos
lidar com quem pretende purificar o mundo, impondo a sharia a todos?
Como lutar contra quem considera a crucificação aceitável? De que
modo contrariar quem tem a crença de que o Corão instiga os
muçulmanos a combater cristãos e judeus até que estes se
subjuguem? Como fazer face àqueles que acreditam que o Califa os
levará à vitória antes do fim do mundo? Como lutar contra quem
está disposto a aterrorizar o inimigo, através de práticas
bárbaras? Como fazer face a quem considera o diálogo apostasia?
Apesar das dificuldades óbvias é
possível combater o Estado Islâmico que poderá, como muitos
analistas afirmam, não ter a durabilidade de outros grupos – a
violência, os métodos, o carácter demasiado arcaico afastam todos
do Estado Islâmico, incluindo outros apologistas do wahhabismo.
Desde logo, pode-se começar por deixar de apoiar financeiramente e
militarmente grupos que, mais cedo ou mais tarde, acabam similares a
este que agora é discutido, mesmo que essa recusa de financiamento
tenha implicações no acesso ao petróleo ou tenha mesmo
consequências geo-estratégicas. Seja como for, o tempo que este
grupo subsista, seja ela qual for, será sempre tempo demais para a
humanidade.
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