Tenho um pesadelo recorrente:
paradoxalmente esse pesadelo começa com um acordar – acordar, e
durante aqueles primeiros momentos de lucidez, me apercebo que
teremos mais uns anos de PSD/CDS. Mesmo quando finalmente acordo,
fazendo pleno uso do discernimento, e me apercebo que dificilmente
esse pesadelo se tornará numa dura realidade, demoro tempo a me
recompor. E ainda que pense na impossibilidade de um Governo PSD/CDS
governar o país durante anos, em virtude de não vencer com maioria
absoluta e por não ter mais parceiros de coligação ou
entendimentos pontuais, a minha alma se inquieta. Mesmo depois de
Marinho Pinto afirmar a sua disponibilidade em se aliar à direita e
à esquerda.
A mediocridade reinante; o despotismo
mal disfarçado; o empobrecimento deliberado; a mentira e o compadrio
do costume justificam o pesadelo acima descrito. E não raras vezes é
tudo mau de mais para ser verdade – perdoem-me a deselegância da
expressão. O meu único consolo, confesso, prende-se com a esperança
de que existam mais pessoas que, à semelhança do meu ser, se vejam
assoladas pelo mesmo pesadelo e ajam de acordo com esse temor.
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