É
sobejamente conhecida a propensão para partidos ditos socialistas e
sociais-democratas desvirtuarem e esvaziarem o seu peso ideológico.
O Partido Socialista português não é excepção.
Caso
subsistam dúvidas, atente-se a algumas propostas constantes do
cenário macro-económico que servirá de base ao programa de governo
do PS: mexidas na TSU, com evidente impacto na sustentabilidade da
Segurança Social; aumento da idade da reforma; algumas medidas que
podem ser consideradas assistencialistas como a proposta de um
subsídio para os trabalhadores mais pobres; e, sobretudo, a ausência
de políticas que coloquem um efectivo travão à austeridade
vigente.
O
maior drama que vivemos prende-se precisamente com a
descaracterização dos partidos ditos socialistas e
sociais-democratas na Europa. Partidos, esquecidos do seu passado,
determinantes para a existência do modelo social europeu; partidos
que iludiram, com uma falsa terceira via e que acabaram por sucumbir
aos interesses financeiros e económicos. Hoje quem representa a
social-democracia e o socialismo democrático são precisamente
aqueles considerados radicais. O Partido Socialista, a julgar por
muito daquilo que consta do cenário macro-económico que servirá de
base a um programa de governo, está muito longe do socialismo que
ainda faz parte da sua designação.
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