À
medida que a crise do PS se agudiza, os partidos do Governo e o
próprio Governo respiram de alívio depois da pior derrotada
eleitoral de PSD e CDS nas últimas décadas. Enquanto António José
Seguro resiste e António Costa insiste, enquanto não há certezas
quanto à realização de um congresso extraordinário, enquanto
membros do PS se desdobram em acusações mútuas, o Governo ganha
tempo precioso, sobretudo depois de uma derrota incomensurável.
Enquanto
o Partido Socialista se afunda na crise, o país afunda-se na
pobreza, no crescimento acelerado das desigualdades, no retrocesso
social. Enquanto o PS se perde em querelas internas, os cidadãos
afastam-se ainda mais dos partidos políticos, não se percebendo
exactamente o que poderá preencher tantos espaços vazios, para além
de fenómenos presumivelmente efémeros como é o caso de Marinho
Pinto.
A
crise do PS não é benéfica para ninguém, excepto para o Governo e
para os partidos que o constituem; a não realização de um
congresso e consequente clarificação apenas fragiliza a liderança
de Seguro. Enfim, talvez essa fragilização seja deliberada na
precisa medida em que a actual liderança do PS poderá muito bem ter
sido de mera transição. António José Seguro apanhou todas as
críticas, as justas e as muitas injustas, elaboradas com base na
governação de José Sócrates. A sua imagem, invariavelmente
associada à anterior governação, tem vindo a ser deteriorada...
talvez nada do que está acontecer tenha sido consequência de uma
acaso ou de uma multiplicidade de acasos.
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