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Mal calibrado

Depois das notícias que dão conta de um crescimento da economia portuguesa, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, justificou a dureza das medidas aplicadas com o facto do programa de "assistência" "estar mal calibrado", embora "bem desenhado".
Quanto ao crescimento da economia portuguesa a pergunta que se coloca é: a economia portuguesa cresce para quem? Não será seguramente para os jovens que emigram, para os jovens que estão no desemprego, para quem vive na precariedade e dela jamais consegue sair, para os pensionistas que se debatem com cortes nas pensões, para os pequenos empresários que sofrem com a exiguidade do mercado interno ou para os funcionários públicos alvo de todas as desconfianças e apontados como responsáveis por todos os males.
O crescimento da economia, não é por si só, a panaceia de todos os males. É um indicador que, a julgar pela força da realidade, só se concretiza para uma infíma minoria de portugueses, provavelmente aqueles que jogam no tabuleiro económico, financeiro e político.
Relativamente à calibragem do programa de "assistência", não há eufemismo que esconda as verdadeiras intenções deste Governo: transformar de forma irreversível a sociedade portuguesa, uma sociedade assente no retrocesso social, no conformismo, na ausência de esperança - é esta a visão de sociedade que Passos Coelho está incumbido de transformar em realidade, num misto de incompetência, neoliberalismo e mediocridade

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