O caso da alegada vigilância em Belém tem tido o condão de desviar, uma vez mais, as atenções do país do essencial. As interferências na campanha não se referem tanto à questão da alegada vigilância em si, mas sim ao ao facto de se estar novamente a proporcionar o clima ideal para se fugir ao que realmente interessa aos portugueses. Estas quase duas semanas foram, aliás, o corolário do vazio de ideias que assola todo o espectro político português.
Ao invés de se centrar a discussão no TGV, na relação do país com Espanha, na já extenuante conversa da "asfixia democrática" e agora no caso das alegadas escutas, seria de uma maior proficuidade direccionar a discussão para a economia, para a saúde, educação, justiça, Administração Pública e concepção do Estado, entre outros assuntos. Deste modo, seria fundamental que se analisasse estes quatro anos de governação socialista; que se discutissem as fragilidades do modelo económico seguido pelo Governo do PS, que se abordasse a concepção ruinosa que o Executivo de José Sócrates tem do sistema educativo, os fracassos na área da justiça, ou a escassez de alterações dignas desse nome na Administração Pública.
Seria também essencial perceber o que o quer afinal o PSD para áreas tão importantes como a área da saúde, sendo que é manifestamente escasso passar a ideia de que "quando lá chegarmos, logo vemos". O PSD continua a mostrar a inexistência de ideias para o país, agarrando-se a frases sonantes como a da "asfixia democrática", que mais não é do que um subterfúgio para não se abordar questões mais complexas. Com efeito, registaram-se vários episódios em que foi patente o pouco à-vontade que o primeiro-ministro tem com as várias formas de liberdade, mas centrar toda a campanha nessa questão revela amediocridade de um partido que quer governar, pedindo aos portugueses uma espécie de cheque em branco.
O Bloco de Esquerda vai tentando beneficiar com esta situação de inabilidade política do PS e com a insatisfação de muitos portugueses - insatisfação com o estado do país e com a qualidade dos políticos -, tudo poderia correr lindamente, não fossem as ideias do partido que aposta tudo na estatização da economia, num claro regresso a um passado que quase arruinou o país. Esta questão da estatização da economia não fui suficientemente analisada e contém incongruências que têm sido escamoteadas pelo BE. Paralelamente, o PCP segue a mesma linha do BE, ou seja, não aprofundando o seu programa, mas enveredando pelo caminho das já habituais frases que se insurgem contra a pobreza, a favor dos trabalhadores. Frases que não passam muito disso mesmo, quando a discussão sobre os problemas e as soluções fica arredada da campanha.
Em abono da verdade, o CDS-PP tem sido o partido que menos aproveitamento político fez da questão da alegada vigilância e o partido cujo líder mostra uma maior propensão para discutir soluções para o país. Talvez seja a ideia de uma mais do que provável coligação com o PSD que norteia a campanha do CDS e inviabiliza a tentação de se ceder ao aproveitamento político de episódios mais recentes.
As interferências na campanha são responsabilidade dos principais partidos políticos que, ou por desviarem o rumo da discussão para assuntos colaterais, ou por omissão, ou por optarem por proferir frases sonantes, mas vazias de conteúdo, escolhem deliberadamente não informar os eleitores, contribuindo desta forma para a deterioração da sua imagem e para a degradação da própria democracia.
Ao invés de se centrar a discussão no TGV, na relação do país com Espanha, na já extenuante conversa da "asfixia democrática" e agora no caso das alegadas escutas, seria de uma maior proficuidade direccionar a discussão para a economia, para a saúde, educação, justiça, Administração Pública e concepção do Estado, entre outros assuntos. Deste modo, seria fundamental que se analisasse estes quatro anos de governação socialista; que se discutissem as fragilidades do modelo económico seguido pelo Governo do PS, que se abordasse a concepção ruinosa que o Executivo de José Sócrates tem do sistema educativo, os fracassos na área da justiça, ou a escassez de alterações dignas desse nome na Administração Pública.
Seria também essencial perceber o que o quer afinal o PSD para áreas tão importantes como a área da saúde, sendo que é manifestamente escasso passar a ideia de que "quando lá chegarmos, logo vemos". O PSD continua a mostrar a inexistência de ideias para o país, agarrando-se a frases sonantes como a da "asfixia democrática", que mais não é do que um subterfúgio para não se abordar questões mais complexas. Com efeito, registaram-se vários episódios em que foi patente o pouco à-vontade que o primeiro-ministro tem com as várias formas de liberdade, mas centrar toda a campanha nessa questão revela amediocridade de um partido que quer governar, pedindo aos portugueses uma espécie de cheque em branco.
O Bloco de Esquerda vai tentando beneficiar com esta situação de inabilidade política do PS e com a insatisfação de muitos portugueses - insatisfação com o estado do país e com a qualidade dos políticos -, tudo poderia correr lindamente, não fossem as ideias do partido que aposta tudo na estatização da economia, num claro regresso a um passado que quase arruinou o país. Esta questão da estatização da economia não fui suficientemente analisada e contém incongruências que têm sido escamoteadas pelo BE. Paralelamente, o PCP segue a mesma linha do BE, ou seja, não aprofundando o seu programa, mas enveredando pelo caminho das já habituais frases que se insurgem contra a pobreza, a favor dos trabalhadores. Frases que não passam muito disso mesmo, quando a discussão sobre os problemas e as soluções fica arredada da campanha.
Em abono da verdade, o CDS-PP tem sido o partido que menos aproveitamento político fez da questão da alegada vigilância e o partido cujo líder mostra uma maior propensão para discutir soluções para o país. Talvez seja a ideia de uma mais do que provável coligação com o PSD que norteia a campanha do CDS e inviabiliza a tentação de se ceder ao aproveitamento político de episódios mais recentes.
As interferências na campanha são responsabilidade dos principais partidos políticos que, ou por desviarem o rumo da discussão para assuntos colaterais, ou por omissão, ou por optarem por proferir frases sonantes, mas vazias de conteúdo, escolhem deliberadamente não informar os eleitores, contribuindo desta forma para a deterioração da sua imagem e para a degradação da própria democracia.
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