Avançar para o conteúdo principal

Difícil convivência com a democracia

Não tem sido fácil ao ainda primeiro-ministro, durante estes mais de quatro anos, conviver com as vicissitudes da democracia. O primeiro-ministro acusa a sua mais directa adversária nestas eleições legislativas de não ser também ela uma defensora da liberdade de opinião. Para sustentar a sua tese, o primeiro-ministro refere o afastamento de Pedro Passos Coelho das listas de deputados do PSD.

Talvez o ainda primeiro-ministro até tenha alguma razão, pese embora não tenha escolhido as palavras mais acertadas (usar-se o termo "asfixia" é um claro exagero). Todavia, o comportamento de José Sócrates no que diz respeito ao respeito pelas liberdades esteve longe de ser exemplar. Aliás, criou-se um clima desfavorável à consolidação da própria democracia, com condicionamentos de vária ordem, que afectou em particular quem trabalha na Administração Pública. É escusado referir exemplos de condicionamentos, até porque todos nos lembramos desses episódios.

A poucas semanas das legislativas, surge a notícia que alguém próximo de José Sócrates ameaçou um gestor do PSD. A confirmar-se a notícia, o primeiro-ministro deve explicações ao país. É claro que nunca se vai conhecer por inteiro toda esta história, até porque estamos a escassas semanas das eleições, mas seja como for, fica para já a dúvida. No caso do primeiro-ministro é grave que se instale essa dúvida tendo em conta o seu passado em matéria de liberdade de opinião. De uma coisa podemos estar certos: estas poucas palavras escritas nesteblogue seriam mais do que suficientes para exasperar o primeiro-ministro.

Comentários

PQ disse…
Outono do ano passado? Grande reflexão que o homem fez antes de denunciar o caso…

Quem fez as pressões? Têm nome? É natural que o senhor Jorge Bleck não revele nomes, desde o outono do ano passado até agora…já se esqueceu de quem foi.

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecência...

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa...

A morte lenta de democracia

As democracias vão morrendo lentamente. Exemplos não faltam, desde os EUA, passando pelo Brasil. No caso americano cidades como Portland têm as ruas tomadas por forças militares, disfarçadas de polícia, que agem claramente à margem do Estado de Direito, uma espécie de braço armado do Presidente Trump. Agressões, sequestros, prisões sem respeito pelos mínimos que um Estado de Direito exige, são práticas reiteradas e que ameaçam estender-se a outras cidades americanas. Estas forças militares são mais um sinal de enfraquecimento da democracia americana. Recorde-se que o ainda Presidente ameaça constantemente não aceitar os resultados que saírem das próximas eleições, isto claro se perder.  No Brasil a história consegue ser ainda pior e mais boçal. A família Bolsonaro e as milícias fazem manchetes de jornais.  Em Portugal um partido como o "Chega" é apoiado por proeminentes empresários portugueses, como a revista Visão expõe na sua edição desta última sexta-feira. A democr...