A análise que o Governo faz aos números do INE relativos à pobreza em Portugal é, como seria de esperar, positiva. E se por um lado se fala de estabilização da pobreza e até de redução das desigualdades, não se pode ignorar um facto profundamente preocupante: o risco de pobreza entre os mais jovens está a crescer. Por outro lado, o estudo do INE não contempla os efeitos da crise por ser anterior à mesma. Como é que serão os números quando sair um estudo que contemple a difícil realidade que se vive hoje, resultado da crise internacional, mas também da adopção de políticas contraproducentes e erráticas pelos sucessivos governos?
O risco de pobreza aumentou entre os jovens com idade inferior a 18 anos, mas também é sabido que os jovens em geral têm vindo a conhecer dificuldades até certo ponto inesperadas, em particular aqueles que dedicaram parte substancial da sua vida à sua formação e que não conseguem obter resultados desse investimento. Aliás, um dos dramas do nosso país é precisamente a falta de resposta para quem seguiu a ideia de que a formação era essencial para o futuro e, depois de tanto investimento, vê-se agora ou desempregado, ou a lutar diariamente contra aprecariedade , sem grandes perspectivas de futuro e dependente da família. Outros levam as suas capacidades, formação e conhecimento para países que sabem aproveitar recursos humanos qualificados.
Ora, um país que não cria oportunidades para os seus jovens e que hipoteca ostensivamente o seu futuro está precisamente a condenar-se a si próprio ao fracasso. De resto, qual é o incentivo de muitos jovens que ainda estão a completar os seus estudos, e que quando olham em redor mais não vêem do que precariedade e desemprego? Este é um problema grave que o país tem e cuja solução passa pela criação de condições para atrair investimento de qualidade que possa criar emprego e por um aproveitamento maior dos recursos mais qualificados existentes, dando-lhes mais polivalência. Infelizmente, os responsáveis políticos continuam a apostar num modelo de desenvolvimento económico que empobrece o país, deixando-o à mercê de uma dependência excessiva do Estado - dependência essa que não é sequer sustentável para o próprio Estado.
Por cá existe o hábito de olharmos para outros países embabascados e fazer comparações, sonhando com o nível de desenvolvimento desses países. Então que se faça esse exercício e se perceba como esses países não desperdiçam os recursos humanos com maior nível de formação, nem tão-pouco cerceiam as esperanças dos seus jovens num futuro melhor, envolvendo-os activamente na construção do seu país. Em Portugal, o cenário é outro: a classe política perde tempo com discussões bizantinas e é cega ao essencial; a sociedade, exceptuando situações pontuais, refugia-se na letargia e o país parece cada vez mais um barco encalhado sem forma de desencalhar.
Em suma, a pobreza em Portugal até pode ter estabilizado em 2007, mas essa não é razão para qualquer espécie de contentamento, particularmente quando a realidade da pobreza no Portugal de hoje, ainda que não expressa em números, é manifestamente preocupante e quando as dificuldades, a frustração e a ausência de esperança invade a vida daqueles que são quem vai construir o país. Não deixa de ser paradoxal que gerações com o maior nível de qualificação que Portugal já viu sejam precisamente as que têm atravessado dificuldades crescentes, subestimadas por um país sem visão estratégica e olhadas com um misto de pena e medo pelos ainda mais jovens.
O risco de pobreza aumentou entre os jovens com idade inferior a 18 anos, mas também é sabido que os jovens em geral têm vindo a conhecer dificuldades até certo ponto inesperadas, em particular aqueles que dedicaram parte substancial da sua vida à sua formação e que não conseguem obter resultados desse investimento. Aliás, um dos dramas do nosso país é precisamente a falta de resposta para quem seguiu a ideia de que a formação era essencial para o futuro e, depois de tanto investimento, vê-se agora ou desempregado, ou a lutar diariamente contra aprecariedade , sem grandes perspectivas de futuro e dependente da família. Outros levam as suas capacidades, formação e conhecimento para países que sabem aproveitar recursos humanos qualificados.
Ora, um país que não cria oportunidades para os seus jovens e que hipoteca ostensivamente o seu futuro está precisamente a condenar-se a si próprio ao fracasso. De resto, qual é o incentivo de muitos jovens que ainda estão a completar os seus estudos, e que quando olham em redor mais não vêem do que precariedade e desemprego? Este é um problema grave que o país tem e cuja solução passa pela criação de condições para atrair investimento de qualidade que possa criar emprego e por um aproveitamento maior dos recursos mais qualificados existentes, dando-lhes mais polivalência. Infelizmente, os responsáveis políticos continuam a apostar num modelo de desenvolvimento económico que empobrece o país, deixando-o à mercê de uma dependência excessiva do Estado - dependência essa que não é sequer sustentável para o próprio Estado.
Por cá existe o hábito de olharmos para outros países embabascados e fazer comparações, sonhando com o nível de desenvolvimento desses países. Então que se faça esse exercício e se perceba como esses países não desperdiçam os recursos humanos com maior nível de formação, nem tão-pouco cerceiam as esperanças dos seus jovens num futuro melhor, envolvendo-os activamente na construção do seu país. Em Portugal, o cenário é outro: a classe política perde tempo com discussões bizantinas e é cega ao essencial; a sociedade, exceptuando situações pontuais, refugia-se na letargia e o país parece cada vez mais um barco encalhado sem forma de desencalhar.
Em suma, a pobreza em Portugal até pode ter estabilizado em 2007, mas essa não é razão para qualquer espécie de contentamento, particularmente quando a realidade da pobreza no Portugal de hoje, ainda que não expressa em números, é manifestamente preocupante e quando as dificuldades, a frustração e a ausência de esperança invade a vida daqueles que são quem vai construir o país. Não deixa de ser paradoxal que gerações com o maior nível de qualificação que Portugal já viu sejam precisamente as que têm atravessado dificuldades crescentes, subestimadas por um país sem visão estratégica e olhadas com um misto de pena e medo pelos ainda mais jovens.
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