A propósito do envio de militares portugueses para o Afeganistão, surgiram em catadupa críticas ao tal envio. O argumento central parece ser que o Afeganistão é um problema da Administração americana e como tal deve ser resolvido exclusivamente pelos americanos. Consequentemente, impera a ideia de que o problema do Afeganistão não é nosso. Infelizmente, a instabilidade que tem vindo a aumentar no Afeganistão é um assunto a que ninguém pode ficar alheio sob pena de pormos em causa a segurança de todos, designadamente se os talibãs conseguirem vingarem no Afeganistão e em partes do Paquistão.
É desnecessário explanar sobre a natureza do regime talibã, aliás, até à intervenção militar americana era este regime fundamentalista que ditava as regras. Ora, agora imagine-se a seguinte combinação: fundamentalismo religioso; droga que financia um conflito atrás do outro; uma multiplicidade de Afegãos que não conhecem outra realidade que não seja a guerra, desenraizados que no fundo constituem um alvo fácil para quem prega o fundamentalismo; tecnologia nuclear no país vizinho cujas facções fundamentalistas têm um peso considerável. Não se trata de imaginação, mas de uma realidade que não pode ser varrida para debaixo do tapete
Neste contexto, será que o Afeganistão é um problema exclusivamente dos americanos? A resposta é clara: a hipótese do Afeganistão cair novamente nas mãos dos talibãs não é admissível. Recorde-se que o Afeganistão, quando o poder estava nas mãos dos talibãs, era um palco primordial do terrorismo. Não se pode seriamente defender a tese segundo a qual o Afeganistão é um problema dos outros, quando as consequências, nefastas bem entendido, serão para todos.
Com efeito, concorda-se que a via militar não pode ser exclusivamente a solução, embora qualquer solução seja muito difícil de conceber num contexto em que não se consegue evitar a proliferação de cultivo de ópio, nem tão-pouco o processo de doutrinação dos mais vulneráveis, desenraizados e pobres; isto num país que tem que conviver com um vizinho difícil como o Paquistão; um país que sofre as consequências das divisões étnicas e religiosas apoiadas por países mais ricos (também do Médio Oriente); um país que há décadas que não conhece outra realidade que não seja a guerra. As ajudas económicas que visem melhorar a vida dos afegãos são essenciais a qualquer processo de estabilização. Mas enquanto a ameaça talibã perdurar, todo o esforço de reconstrução será em vão.
Voltando à pergunta em epígrafe, a resposta não podia ser mais clara: nenhum país que preze a sua segurança pode ficar fora do esforço de estabilização de uma das regiões mais perigosas do mundo. A menos que queiramos chorar sobre o leite derramado quando as consequências de um Afeganistão nas mãos do fundamentalismo religioso e dos arautos do terrorismo nos baterem à porta.
É desnecessário explanar sobre a natureza do regime talibã, aliás, até à intervenção militar americana era este regime fundamentalista que ditava as regras. Ora, agora imagine-se a seguinte combinação: fundamentalismo religioso; droga que financia um conflito atrás do outro; uma multiplicidade de Afegãos que não conhecem outra realidade que não seja a guerra, desenraizados que no fundo constituem um alvo fácil para quem prega o fundamentalismo; tecnologia nuclear no país vizinho cujas facções fundamentalistas têm um peso considerável. Não se trata de imaginação, mas de uma realidade que não pode ser varrida para debaixo do tapete
Neste contexto, será que o Afeganistão é um problema exclusivamente dos americanos? A resposta é clara: a hipótese do Afeganistão cair novamente nas mãos dos talibãs não é admissível. Recorde-se que o Afeganistão, quando o poder estava nas mãos dos talibãs, era um palco primordial do terrorismo. Não se pode seriamente defender a tese segundo a qual o Afeganistão é um problema dos outros, quando as consequências, nefastas bem entendido, serão para todos.
Com efeito, concorda-se que a via militar não pode ser exclusivamente a solução, embora qualquer solução seja muito difícil de conceber num contexto em que não se consegue evitar a proliferação de cultivo de ópio, nem tão-pouco o processo de doutrinação dos mais vulneráveis, desenraizados e pobres; isto num país que tem que conviver com um vizinho difícil como o Paquistão; um país que sofre as consequências das divisões étnicas e religiosas apoiadas por países mais ricos (também do Médio Oriente); um país que há décadas que não conhece outra realidade que não seja a guerra. As ajudas económicas que visem melhorar a vida dos afegãos são essenciais a qualquer processo de estabilização. Mas enquanto a ameaça talibã perdurar, todo o esforço de reconstrução será em vão.
Voltando à pergunta em epígrafe, a resposta não podia ser mais clara: nenhum país que preze a sua segurança pode ficar fora do esforço de estabilização de uma das regiões mais perigosas do mundo. A menos que queiramos chorar sobre o leite derramado quando as consequências de um Afeganistão nas mãos do fundamentalismo religioso e dos arautos do terrorismo nos baterem à porta.
Comentários