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Afinal há alternativas à Ota?


A futura construção do novo aeroporto na Ota foi, em particular nos últimos meses, muito controversa. Além do deserto da Margem Sul – factor que inviabilizaria a construção do aeroporto nesta região do país – não se conseguiu compreender a linha de argumentação do Governo. Felizmente a CIP desenvolveu mais estudos sobre esta matéria, apresentando uma nova alternativa à Ota – Alcochete. O Governo está agora aberto à elaboração de um estudo comparativo entre a Ota e Alcochete, a ser desenvolvido pelo LNEC, que permita retirar ilações sobre a melhor localização para o novo aeroporto. Depois de uma análise séria sobre estas duas localizações, a Ota até poderá ser considerada a mais relevante, porém aquilo que o Governo não percebeu é que a generalidade dos portugueses não está a favor desta ou daquela localização, apenas querem ser esclarecidos.

A teimosia do Governo em não aceitar uma comparação entre a Ota e outras alternativas e as imbecilidades proferidas pelo ministro das Obras Públicas ensombraram uma discussão que deveria ter sido séria e profícua. Será que é agora que o Governo, que nunca foi apologista do diálogo, vai pôr o interesse nacional à frente de interesses mais ou menos obscuros? A obscuridade que caracterizou todo este imbróglio da Ota é da exclusiva responsabilidade do Governo. Só lhe ficaria bem reconhecer essa teimosia exacerbada, pedir desculpas às populações da margem sul do Tejo, e aceitar o resultado dos estudos comparativos, independentemente destes estudos favorecerem a Ota ou Alcochete. O Governo é da Nação e tem de encarar o país como um todo, não pode desvalorizar algumas regiões do país.

Importa, pois, sublinhar que o novo aeroporto constitui uma inevitabilidade e urge que se encontrem soluções exequíveis para a sua construção. O Governo, na sua inolvidável loquacidade, sempre protestou contra o tempo que se estava a perder em volta de discussões espúrias. Mas não terá a teimosia do Governos os seus custos, designadamente no que diz respeito ao tão precioso tempo? Não será, portanto, paradoxal fazer-se alusão ao tempo e simultaneamente perder-se tempo com teimosias injustificadas?

Enfim, esperemos que o novo aeroporto seja uma realidade em tempo útil e que o seu custo não seja constantemente desvalorizado, afinal de contas o dinheiro dos contribuintes não são “peanuts”! De qualquer modo, a possibilidade de estabelecer uma comparação entre A e B é uma excelente notícia e um bom prenúncio para a futura construção do aeroporto.

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